Moraes desafia Trump e diz que STF não vai se curvar a ameaças estrangeiras
Em seu primeiro discurso após ser sancionado pelos EUA, Moraes reagiu com firmeza e declarou que vai ignorar as medidas de Trump. “Não nos vergaremos a chantagens”, afirmou o ministro

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), fez um pronunciamento incisivo nesta sexta-feira (1º) e declarou que irá ignorar as sanções aplicadas pelo governo dos Estados Unidos contra ele.
“Esse relator vai ignorar as sanções que lhe foram aplicadas e continuar trabalhando”, disse Moraes durante a cerimônia de reabertura do Judiciário.
A declaração ocorre dias após o ministro ser o primeiro brasileiro sancionado pela Lei Magnitsky, que visa punir indivíduos estrangeiros por supostos abusos de direitos humanos. Moraes, no entanto, afirma que as motivações são claramente políticas.
STF manterá julgamento de ações penais
Moraes garantiu que os processos contra Bolsonaro e outros acusados pela tentativa de golpe de 8 de janeiro não sofrerão interferência.
“O rito processual do STF não se adiantará, não se atrasará. Irá ignorar as sanções praticadas.”
Ele também reafirmou o compromisso do STF com sua missão constitucional e destacou que, no segundo semestre, o Supremo vai julgar os quatro núcleos principais das ações penais relacionadas ao 8 de janeiro.
Moraes acusa "atuação golpista" no exterior
Moraes também atacou a atuação de Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do ex-presidente, que está nos EUA desde fevereiro e tem feito pressão para aplicar sanções ao STF. O ministro afirmou que essas ações fazem parte de uma tentativa de obstruir a Justiça.
“Tentam submeter o STF ao crivo de autoridade estrangeira. Isso é um ato de covardia.”
Segundo ele, os envolvidos são “pseudopatriotas” que deixaram o Brasil para buscar apoio internacional com o objetivo de enfraquecer as instituições nacionais.
Supostas ameaças e chantagens ao Congresso
Moraes denunciou também pressões sobre o Senado Federal, como ameaças de impeachment de ministros da Corte e tentativas de aprovar anistias “inconstitucionais”.
“Querem obter uma anistia em troca de chantagens, sem o menor respeito institucional.”
Ele disse ainda que há uma organização criminosa atuando como milícia, com o objetivo de repetir o mesmo modus operandi golpista usado no ataque de 8 de janeiro.
Reação do Brasil às sanções de Trump
As sanções de Trump, que incluem bloqueio de bens e proibição de transações financeiras, causaram forte reação do governo brasileiro. O presidente Lula soltou nota de repúdio, e ministros como Barroso, Gilmar Mendes e Mauro Vieira prestaram solidariedade a Moraes.
“A soberania nacional não será negociada nem extorquida”, afirmou Moraes com ênfase.
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