A governadora Raquel Lyra começa a dar sinais mais claros de que decidiu entrar de vez no jogo político pensando em 2026. Após críticas recorrentes sobre a falta de diálogo com lideranças da Assembleia Legislativa, a chefe do Executivo estadual passou a intensificar conversas estratégicas, especialmente em torno da formação da chapa para o Senado.

Esse movimento ficou mais evidente nas últimas semanas e marca uma inflexão no comportamento político da governadora, que agora busca reduzir espaços ocupados por adversários e reorganizar o seu campo de alianças.

Raquel Lyra passa a discutir o Senado com mais protagonismo

Desde o início do mandato, Raquel Lyra foi apontada por aliados e adversários como alguém mais focada na gestão do que na articulação política. Enquanto isso, o prefeito do Recife, João Campos, avançava publicamente na construção de nomes para o Senado, sem que houvesse clareza sobre os planos da governadora.

Esse cenário começou a mudar há cerca de 15 dias, quando Raquel Lyra recebeu, de forma reservada, no Palácio, o deputado federal Eduardo da Fonte, presidente estadual da Federação PP-União Brasil. O encontro ocorreu em um sábado e teve como pano de fundo as eleições de 2026.

Após a reunião, Eduardo da Fonte comentou a interlocutores: “Tive a melhor de todas as conversas com a governadora”. Embora não tenha detalhado o conteúdo, o efeito político foi imediato.

PP passa a defender candidatura de Eduardo da Fonte ao Senado

Depois do encontro com Raquel Lyra, deputados estaduais do PP passaram a se posicionar com mais frequência na imprensa, defendendo que Eduardo da Fonte entre de forma efetiva na disputa pelo Senado. Até então, essa possibilidade era tratada apenas internamente, sem exposição pública.

O movimento reforça a percepção de que a governadora passou a estimular, ainda que nos bastidores, a construção de alternativas competitivas para o Senado dentro do seu campo político.

Aproximação com Fernando Dueire fortalece articulação

Paralelamente, Raquel Lyra também vem estreitando os laços com o senador Fernando Dueire, do MDB. Um gesto simbólico dessa reaproximação ocorreu na última segunda-feira, quando a governadora participou de um almoço no apartamento do ex-governador e senador Jarbas Vasconcelos.

O encontro reuniu ainda o deputado estadual Jarbas Filho, a vice-governadora Priscila Krause e o ex-governador Gustavo Krause. O grupo representa uma ala do MDB que se contrapõe ao ex-deputado federal Raul Henry, que declarou apoio a João Campos.

A presença de Raquel Lyra nesse almoço foi interpretada como um sinal claro de alinhamento político e de interesse em fortalecer pontes com setores estratégicos do MDB.

Eduardo da Fonte e Fernando Dueire podem compor a chapa?

Ainda é cedo para cravar a composição da chapa ao Senado, mas Eduardo da Fonte e Fernando Dueire surgem como nomes com peso político suficiente para fortalecer o palanque da governadora.

Eduardo da Fonte agregaria a Federação União Progressista, formada por PP e União Brasil, dois partidos com forte capilaridade no estado. Já Dueire aguarda o desfecho de uma disputa judicial sobre o comando do MDB em Pernambuco. Caso seu grupo saia vitorioso, a legenda pode ser incorporada ao projeto de Raquel Lyra, junto com o apoio de dezenas de prefeitos que já manifestaram compromisso com o senador.

Diálogo entre Eduardo e Dueire avança nos bastidores

Após os movimentos recentes da governadora, Eduardo da Fonte e Fernando Dueire se reuniram nesta segunda-feira no escritório político do senador. A conversa foi longa e terminou com registros fotográficos, indicando sintonia entre os dois.

Ambos, no entanto, ainda enfrentam obstáculos. Eduardo da Fonte precisa lidar com as pretensões do ex-prefeito de Petrolina, Miguel Coelho, filiado ao União Brasil e alinhado a João Campos. Apesar disso, os sinais vindos do PP indicam que Eduardo é tratado como candidato, sobretudo por ocupar a presidência estadual da federação.

Fernando Dueire, por sua vez, segue aguardando a definição judicial dentro do MDB. Mesmo recebendo convites de outras siglas para disputar o Senado, ele permanece no partido, respaldado pelo apoio unânime dos senadores da legenda.