O Governo de Pernambuco atribuiu à gestão anterior os atrasos em importantes obras de barragem no estado. A avaliação foi apresentada após levantamento do Tribunal de Contas de Pernambuco (TCE-PE), que analisou intervenções paralisadas nas áreas de abastecimento de água e recursos hídricos, apontando um impacto superior a R$ 1 bilhão aos cofres públicos.

Segundo o governo estadual, projetos iniciados há mais de uma década ficaram abandonados e só voltaram a ser priorizados a partir de 2023. Entre eles estão obras estratégicas para controle de enchentes e reforço no abastecimento de água em municípios da Zona da Mata Sul.

Levantamento do TCE cita barragem de Igarapeba

O relatório do TCE-PE aponta a construção da barragem de Igarapeba, localizada no município de São Benedito do Sul, como uma das principais obras paralisadas. O investimento previsto para a intervenção é de R$ 136 milhões.

Em nota, a Secretaria de Recursos Hídricos e Saneamento de Pernambuco informou que as obras tiveram início em 2013, durante a gestão de Eduardo Campos (PSB), e foram interrompidas em 2015, já na administração de Paulo Câmara (PSB).

“Após uma década de abandono, a atual gestão do Governo de Pernambuco – iniciada em 2023 -, priorizou sua conclusão, promovendo, inicialmente, a atualização de seu projeto”, diz o texto.

Barragem integra sistema de controle de enchentes

A barragem de Igarapeba faz parte do Sistema de Controle de Enchentes da bacia do Rio Una. A estrutura atua na proteção contra inundações dos municípios de São Benedito do Sul, Jaqueira, Maraial e Catende.

Além disso, a obra também contribui para reduzir riscos em cidades como Palmares, Água Preta e Barreiros, historicamente afetadas por cheias.

Outro ponto destacado pelo governo é o impacto no abastecimento de água. A barragem deve reforçar o fornecimento para São Benedito do Sul e o distrito de Igarapeba, beneficiando aproximadamente 186 mil habitantes.

Retomada das obras e parceria com o Governo Federal

A retomada das obras da barragem de Igarapeba foi anunciada apenas em dezembro deste ano, em parceria com o Governo Federal.

De acordo com o Governo de Pernambuco, outras intervenções seguem em fase de atualização de projeto, como a barragem de Barra de Guabiraba, localizada na bacia do Rio Sirinhaém.

Orçada em R$ 61 milhões, a obra já consumiu R$ 16,5 milhões. A previsão apresentada pela gestão estadual é de retomada em abril de 2026, após a conclusão da atualização técnica ainda neste mês.

Compesa também aponta paralisações herdadas

A Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa) informou que a ampliação da Adutora do Oeste também foi paralisada durante a gestão anterior, em 2014.

“À época, atrasos significativos nos repasses previstos na Portaria Interministerial nº 130/2013 comprometeram o fluxo financeiro, provocaram a desmobilização das empresas contratadas e resultaram na rescisão dos contratos”, diz o texto.

Segundo a Compesa, a obra já recebeu quase R$ 23 milhões em investimentos públicos, mas sua retomada depende da conclusão do Ramal de Entremontes, sob responsabilidade do Governo Federal.