Aécio de Paula
Por que é um erro dizer que a eleição de 2026 em Pernambuco já está definida?
Eleição em Pernambuco 2026 não está definida: João Campos lidera, mas Raquel Lyra e a direita seguem no páreo. O jogo ainda está aberto
A cada publicação sobre política no PE 360, dá para sentir o termômetro das redes sociais: de um lado, fãs de João Campos juram de pés juntos que a vitória já está garantida. Do outro, apoiadores de Raquel Lyra apostam que a governadora vai nadar de braçada. E ainda há os bolsonaristas que acreditam que Gilson Machado ou a ala de Anderson Ferreira vão surpreender e “varrer” a disputa.
O problema é que nenhum desses cenários pode ser tratado como certeza absoluta. Quem acha que Raquel vencerá com facilidade, por exemplo, está bem distante da realidade. Não há métrica aceitável para essa visão hoje.
Dentro do Palácio do Campo das Princesas, a leitura é de que o páreo será duríssimo, voto a voto. Prova disso é que até aliados de Raquel compartilharam no início do ano uma suposta pesquisa mostrando que ela estaria apenas dois pontos atrás de João Campos.
Ou seja, dizer que a governadora está muito na frente de João é viver em bolha. "Mas a enquete do blog x disse que...". Sim, essa enquete perguntou para uma bolha. E vale lembrar: o TSE proíbe pesquisas não registradas, motivo pelo qual o PE 360 não realiza esse tipo de levantamento.
Do outro lado, há quem acredite que o bolsonarismo vai dominar Pernambuco em 2026. Possível? Claro. Mas, até agora, não há nenhum indício sólido de que isso vá acontecer. O PL está rachado entre Gilson Machado e Anderson Ferreira, e parte significativa da legenda defende união com Raquel Lyra. O motivo é simples: eles sabem (só não assumem publicamente) que enfrentar a alta popularidade de Lula no estado é tarefa complicada.
Entre os três grupos, o que acredita na vitória de João Campos é o mais amparado em fatos. Levantamentos recentes da Paraná Pesquisas e da Quaest mostram o prefeito de Recife com larga vantagem sobre a governadora. Há quem diga que os números são falsos ou comprados, mas não há razão para acreditar nisso: os dois institutos têm histórico em diversos estados, e costumam apontar vitórias da esquerda e da direita a depender de cada contexto local.
O detalhe que muda tudo
Se os números dão folga a João, por que ainda não é possível cravar o resultado? Porque a eleição não é hoje. Falta mais de um ano, e o PSB sabe que subestimar Raquel seria um erro. A governadora já provou ser competitiva, vencendo disputas difíceis.
Se, por um lado, João foi reeleito com um votação histórica no Recife, Raquel fez o mesmo quando foi prefeita de Caruaru.
Além disso, o eleitor comum ainda não entrou no clima. Quem acorda cedo para trabalhar e volta tarde para casa não está discutindo urna eletrônica no jantar. Até outubro de 2026, debates, comparações e entregas de governo vão pesar. Tudo pode mudar um voto.
É um equívoco afirmar que João Campos não tem popularidade em Pernambuco — ele tem, e muita. Mas é igualmente equivocado decretar que a eleição já está ganha. Em política, como no futebol, o jogo só acaba quando o juiz apita. E, até lá, Pernambuco ainda tem muito chão pela frente.




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